Eva e Maria
Segundo Macedo (2002) a representação da mulher no medievo estando submetida a critérios morais e religiosos, havendo alguns perfis comumente abordados na literatura medieval, geralmente os de mulher luxuosa e pecadora em contraste ao de virtuosa e reservada. Macedo ainda acrescenta, "Por se tratar de uma atividade realizada quase sempre por homens e para homens, a literatura medieval constitui testemunho fundamental não das mulheres, mas de estereótipos elaborados por clérigos e artistas, revelando-nos apenas muito raramente uma ou outra silhueta do que elas eram na realidade. " (MACEDO, 2002, p. 65)
Na representação literária da pecadora, estava com figura principal Eva, retornando a trama do pecado original. Macedo propõe uma explicação dada por teólogos que sugere uma "inferioridade natural" da mulher, esta seria explicada por Adão ser fruto da criação divina e Eva ser somente semelhante a criação, o que justificaria esta natural inferioridade, de certa forma explicando o pecado. Para além desta, o autor traz outras reflexões de pensadores do período acerca da "superioridade do homem" sobre a mulher, do Santo Ambrósio e de Santo Agostinho, que permanecerão reforçando que o mulheril esteja sob domínio do masculino. Macedo ainda acrescenta que a mulher estava envolvida dentro de um constructo social que a verá como corruptiva, tentadora, muito ligada ao desejo sexual e ao ceder a esse desejo isso pode ser tão prejudicial para homem, quanto foi para Adão, pelo menos essa é a relação estabelecida em algumas obras produzidas na Idade Média.
A sensualidade proposta na obra dialogam bem com o fator desejo descrito por Macedo, a maçã na mão dela é outro aspecto que reforça a tentação também descrita pelo autor.
Fonte disponível em: https://artrianon.com/2017/06/06/obra-de-arte-da-semana-a-tentacao-de-eva-de-gislebertus/
A redenção ficará por conta de Maria, mãe de Jesus. Ganhando popularidade a partir do século XI e ganhando mais lugares de culto e adoração, Macedo através do Milagres de Nossa Senhora (Miracle Notre Dame), que são narrativas onde a Virgem é a interventora e milagreira, vai desmembrar as características atribuídas a Mãe de Cristo, que são geralmente muito positivas, colocando-a como mulher bondosa que pode interceder pelos menos favorecidos e também pelos pecadores, as narrativas geralmente tinham como resolução a castidade do homem e virgindade da mulher, havendo juramentos e pedidos assumindo arrependimento, de homens e mulheres pecadores. O que evidencia o fator moralizante dos contos, mas também uma oportunidade de se redimir, diferentemente da visão pré-concebida no caso da representação a partir de Eva.
Autor: Cenni di Pepo
Fonte disponível em: https://hvinteum.wordpress.com/tag/cenni-di-pepo/
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