Senhoras Feudais

Segundo Macedo (2002) mulheres podiam assumir a posição de senhora devido a constante ocupação de seus maridos em viagens, peregrinações e guerras. O que lhes exigia organização tremenda, visto que as demandas alimentícias, a fabricação de tecidos, o levantamento de fundos, também a execução do testamento  em caso de morte do marido e algumas questões judiciais, seriam problemas que teriam participação direta delas na busca de resolução, assumindo de fato papel senhorial. O autor revela que diante das circunstâncias do período algumas donzelas pegavam em armas para mostrar que deviam ser respeitadas, não instrumentavam a arma por serem mulheres apenas, mas sim por causa do uso da ferramenta como demonstração de poder. Macedo também alega que as moças enfrentaram muitas dificuldades, lidando com adversidades, seja roubo até abusos cometidos por oficiais reais. Uma imagem muito interessante trazida pelo escrito em "A mulher na Idade Média", trata-se de alguns conselhos retirados do livro das Três Virtudes ( Le livre des tres vertus) da Cristina de Pizano, escritora do século XIV e XV muito crítica  a misoginia, produtora de obras anti misóginas, tida por Nunes Costa e Ferreira Costa (2019) como uma das precursoras do feminismo moderno.


Parte do Livro das Três Virtudes
 Disponível no livro "A mulher na Idade Média"

Ao analisar o texto contido na imagem, torna-se perceptível a responsabilidade que carregam a mulheres na administração do feudo, o impacto na sociedade feudal que elas exercem ao manter continuidade de funcionamento, Pizano (1405) nos dá uma dimensão significativa a quais problemáticas estão sujeitas essas mulheres, podendo ser enganadas caso não saibam operar na função senhorial, a autora reforça uma autonomia do feminino neste trecho, mas ainda assim expõe que qualquer situação desvantajosa recai sobre o marido, demonstrando haver uma relação de poder explícita e de difícil ruptura determinada pelo gênero, no período medieval. Mesmo quando problematizamos situações pouco convencionais e pensamos em certa autonomia das senhoras, é possível dar de cara com elementos que fortalecem uma conjuntura patriarcal.

Referência Bibliográfica:

COSTA e COSTA, Marcos Roberto Nunes e Rafael Ferreira (2019). «Mulheres intelectuais na Idade Média: Entre a medicina, a história, a poesia, a dramaturgia, a filosofia, a teologia e a mística» Editora Fi. ISBN 978-85-5696-599-8. p. 248-262.

MACEDO, José Rivair. A mulher na idade média. São Paulo: Contexto, 2002, p. 31-46.


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